Inverno 2
As cores das flores, as dores de amores, os sabores e os temperos. Os enredos que se cruzam e se separam nas estações.
Os que se foram e os que chegaram, as malas, os trens, e os partidos ao meio, os feridos e os sem lar, famílias pelas cidades.
Pelos cantos, aos montes, gente e marquizes, o frio cortante, a coberta rala, a caridade e a sopa alimentando a matilha.
A maré que vaza, o corte do frio na carne, ácido indistinto da cidade. Todas as sujeiras, as poeiras, foram para o rio de lodo.
O navio encalhado, o porto distante, o mar, saída remota. Um solitário parado no istmo, na última ponta de uma ilha de um filme sem cores.
O cachorro vadio querendo abrigo, o fogo dos mendigos. O menino no farol, o nó das gargantas, a dor que se agiganta e grita.
Os latidos na noite, um alarido adiante, a falsidade nos lares. Famílias divididas sobre o mesmo teto. As intrigas, conluios, maldades.
Enfim...
Deus, bendizei os aflitos, os solitários em todos os hiatos da vida.