Caminhos
Caminhante que sou
Vago em asas, sem rumo certo,
Contemplo planícies verdejantes
E luto a desviar os meus olhos
De tudo que golpeia a minha alma
E me faz desacreditar.
Caminho a rolar por sobre estrelas
Imaginárias,
Lançando o meu coração andante
Ao vento que me conduz
Ao mistério,
Ébria de sonhos, coberta de esperar.
E das flechas em fogo
Faço flores,
A colher essências perdidas,
A encontrar, por entre despojos,
Uma rosa a ressuscitar.
Minha fé está num milagre do futuro,
Brotado em corações que cantam.
E celebro este canto que virá
Brotado em bocas gritantes,
A invadir campos e campestres, a contagiar.
O grito que arrastado pela chuva,
Desliza em enxurradas profundas
Até na várzea abrir-se
E fazer as flores brotarem.
E, quando já em silêncio,
Sentirei o brotar do tempo novo,
A reflorescer pelas épocas sem fim,
reconstruindo a história
Para, sempre em flores, se abrir.