Sagração do operário velado
Sem nada mais a ser gasto
nem a ferrugem
que a tudo e a si própria consome
aqui resta este ex-homem
entregue à fúria de Deus
Descaso de seus senhores
que deste ato branco nem terão notícia
O ferro de seus músculos
a lava incandescente de seu sangue
os sóis de seus olhos madrugadores
eram de absoluta posse e lucro alheios
Até esgotar-se a última força
e a miséria acolhê-lo em colo imundo
Poucos se despedem deste corpo
entregue ao ajuste de contas com Deus
Lixo esquecido há tempos atrás da porta
porque sua servidão já não tem serventia