Mais do que me tenho partilhado aos dias
Não mais hei de chorar o abandono
O propósito das mãos é a carícia
e não o aceno daninho do adeus
Não mais hei de esperar o retorno
Nos encontrarmos nas madrugadas
só partilharíamos escuridões
Entreguei-me inteiro a ti
mais do que me tenho partilhado aos dias
Não hei de chorar-te
além da última molécula do corpo
Além da última gota das torrentes
e do derradeiro suspiro dos vendavais
Impossível chorar mais do que sepultar
o sonho de conhecer Paris
e a terceira lua de saturno
que batizei com teu nome
Não chorar além deste incêndio
consumidor
de minha amazônica esperança
Não hei de morrer
além do que suportou
este corpo velado
cercado de amigos
Impossível morrer por ti
mais que estes que agora
acolhem-me e pranteiam
Tudo em vida te ofertei
Só não devo te entregar
este sopro divino
onde acabo de embarcar