Mais do que me tenho partilhado aos dias

Não mais hei de chorar o abandono

O propósito das mãos é a carícia

e não o aceno daninho do adeus

Não mais hei de esperar o retorno

Nos encontrarmos nas madrugadas

só partilharíamos escuridões

Entreguei-me inteiro a ti

mais do que me tenho partilhado aos dias

Não hei de chorar-te

além da última molécula do corpo

Além da última gota das torrentes

e do derradeiro suspiro dos vendavais

Impossível chorar mais do que sepultar

o sonho de conhecer Paris

e a terceira lua de saturno

que batizei com teu nome

Não chorar além deste incêndio

consumidor

de minha amazônica esperança

Não hei de morrer

além do que suportou

este corpo velado

cercado de amigos

Impossível morrer por ti

mais que estes que agora

acolhem-me e pranteiam

Tudo em vida te ofertei

Só não devo te entregar

este sopro divino

onde acabo de embarcar

Rossyr Berny
Enviado por Rossyr Berny em 03/06/2006
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