CANTAR MOMENTOS
Ás vezes escrevo, outras escrevo-me.
Crio e descrevo, ou meramente me traduzo.
Mas sou sempre eu aqui, e elas lá, mais distantes.
E eu sempre eu, e elas, palavras, sempre elas,
como se não nos trocássemos, entre nós
- ou como se não combinássemos realmente,
e apenas nos usássemos como instrumentos de prazer.
Eu, para aplacar a mente eternamente deslumbrada com a vida,
querendo dizer já hoje aquilo que, amanhã,
alguma outra coisa terá escondido...
Elas, mais antigas e mais sábias, para me aplacarem a mim,
e a esta sede, inextinguível, de cantar momentos...
Julho/ 2009