A ARTE DA VIDA

Desvencilhamos do medo e atacamos o tempo...

Driblamos o presente aguardando o momento.

Afogamos os sonhos no ápice do desengano...

Insistente regresso, ardil da essência, o insano.

Fazemos da batalha uma sutil e louca aventura...

Fingimos o quanto pudemos nesta investidura.

Refazemos das cinzas numa ignorância incontida...

E zelosos passeamos apreciando a nossa sina.

Retornamos ao limite de um mundo incipiente...

Desafiador, indecifrável e deveras conseqüente.

Valemos-nos da vil moeda e incitamos alguém...

Visível afronta à humanidade num total desdém.

Somos ingênuos ao imaginar a invulnerabilidade...

Que instiga e infere o ideal de poder à falsidade.

Uma ironia caracteriza a máscara da hipocrisia...

Quando se faz da revolta a bandeira da agonia.

Enfim, surge o fio da navalha e corta a carne...

Aquele que acredita ser senil também perece.

A vida imita a arte e esta se vale da idolatria.

Pirapora/MG, 06 de julho de 2009.