Alguém
Alguém me espia
pelo buraco da parede
alguém me olha silente
pelo escuro do formato
pela janela transparente
pela cortina e debaixo da mesa
alguém me vigia dormindo
por um olho entreaberto
pela ponte do sonho e do ato
na beira da cama
na cadeira do quarto
através de um riso laxo
alguém me observa
na sombra baça
das minhas paredes maciças
alguém me fita explícito
num deserto oco
me vê atônito, esquisito
num espelho côncavo e rachado.