NO CARRO

O tempo está nublado e eu respiro fumaça.

Céu azul marinho, cruzeiro do sul, cachaça

Meus ombros estão tensos: continuo a simular a estupidez

a acidez do meu estômago, meus olhos frios, o vazio...

mais uma vez

repetindo caminhos tortuosos, ruminando pensamentos funestos

protestos de idéias rebeldes, rebelando-se em meus sonhos febris

fantasias de um tempo regresso, lembranças de um tempo feliz

O ronco dos carros me fazem acordar

lembram-me de mim, lembram-me do lugar

onde me situo, me encontro, onde atuo e devaneio

as vezes não creio

de tudo estou cheio, acelero e continuo (ao meio).

Preciso continuar e dar prosseguimento,

imerso em pensamentos, dúvidas, medos, tormentos...

no rosto sinto o vento e, novamente, o cheiro de fumaça no ar.

Caçador, caça: não mais me embaraça esse mundo infantil.

Céu azul, cruzeiro do sul, cachaça, é mês de abril e

repito os caminhos, já disse!

É necessário continuar

vil é a música do meu trajeto,

o mais imortante: continuo a andar!