Sol

Diz-me que o dia amanheceu lindo

e que já estamos indo.

Não te conheço direito,

(mas como frase não precisa ter Sujeito)

pouco me importa o teu feito,

pois eu queria mesmo era escrever uma história

de amor, bravura e glória.

Do Quixote que eu queria ser,

do Deus em quem queria crer,

ou do amor que queria ter.

Contar a saga dos Seres Humanos,

que estive na guerra contra "los hermanos"

e na dos servos contra os amos.

Que senti o gosto da terra

e o do amor que aqui se encerra.

Talvez me convidem para o Churrasco com Cerveja

(maldito seja!),

mas é Domingo,

pé de cachimbo,

que é de barro

(ainda que no novo carro).

Irão pedir que eu opine,

que eu me vacine

e a alguém eu ensine.

Mas nada sei

e nada direi.

Em Passágarda seria rei,

como o Mestre Bandeira.

E não teria que ver a roda de capoeira,

nem o Juramento à Bandeira.

Vou navegar na WEB,

tomar a água que não se bebe

e não vou à chácara, que detesto

(por isso, dizem que não presto),

Que sou chato,

que cuspo no prato,

que só gosto do Pensar Abstrato

e que nem ligo para o Porta Retrato

que ostenta sorrisos de "giz",

ou "up", como agora se diz,

da suposta gente feliz.

Hoje é um Domingo de Sol.

A vizinha insiste no Si Bemol

e quando me vejo,

eu sei o que desejo.

Mas não posso falar,

pois iria estragar

o festim de cerveja e churrasco

(caramba, esse cheiro me dá asco)

de tantas e tantos

fugitivos de velhos prantos,

da solidão,

do sermão

e de não poder dizer: Não!