Insensatez

A sua insensatez,
que
não lhe permite ver
o quanto o amo,
me fez de novo triste.

Você saiu da minha vida
sem pedir licença.

E a dor?
Minha e sua
compensa?

Palavras e atitudes
impensadas,
olhar apagado,
coração amargurado.
Pra quê?

Na semana passada
o seu cheiro,
o seu riso,
o seu gosto,
você inteiro pra mim.

Ainda anteontem
o convite,
o desejo,
a entrega,
o êxtase.

Hoje essa ausência
fria,
impiedosa,
sem sentido.

Perdeu o juízo?
A vontade de ser feliz
se desfez?
virou fumaça?
ou é a sua cruel
insensatez
a nos apartar
mais uma vez
talvez
definitivamente.

Quem sabe,
depois do exílio,
a minha falta
seja sentida,
e a vontade
de me ver como
sua querida,
seja forte
o suficiente
para desfazer
a barreira erguida
no seu abandono.

Mas pode ser
que não mais
seja possível
resgatar a beleza
vivida,
a emoção sentida,
pois o tempo,
ah, o tempo!
se constrói por um lado,
destrói por outro,
quando dele se faz pouco
e se desconhece
sua filosofia.
Pode ser um bom aliado
ou um algoz desalmado,
apenas nos cabe
reverenciá-lo,
evitando a hipocrisia.

E se sua insensatez
foi desmedida,
e o meu amor foi maior,
talvez,
quem sabe,
ainda seja possível
um reencontro,
mas que não mais apagará
as marcas deixadas
pelo seu abandono.