Sarcasmo

O poeta reclinou para dentro de si

Extraindo toda a dor que lhe devorava

Amou e odiou navegando aos extremos

Cada momento com tamanha intensidade

Recluso foram todos os seus dias

Tristeza suave num doce entardecer

Descreveu a sua dor sufocada em aversão

Veemente reflexo do ser esculpido no papel

Firmou seus passos em fortes linhas

Observou pela veneziana suas limitações

Ao céu voltou várias vezes o seu semblante

A morte, calada, espreitava a sua incapacidade

Capturado pela incerteza dos seus sentimentos

Pela dor que lhe abafava durante o sono

Percebeu que podia escrever e entregar-se

Suas idéias não poderiam ser aprisionadas

Tornou-se escrava das suas intenções

Brincando com as palavras e a essência do ser

Jogando três-marias com a verdade que não envelhece

Ela em troca lhe desvela a chave da prisão.

Luciana Bruder
Enviado por Luciana Bruder em 04/07/2009
Reeditado em 29/04/2010
Código do texto: T1682320
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