ATROPELAMENTO DO INSETO (POEMAZEN)
Fui andando
distraidamente
Como se ninguém
me visse
Como se eu não olhasse
ninguém
Como quando dirijo
velozmente
e atropelo
insetos e formigas
involuntariamente
Fui pensando
descompromissadamente
Como se nada
existisse
Como se eu me bastasse
Como se
não precisasse
absorver a paisagem
Como se eu pudesse
evitar a morte
implicitamente
Fui morrendo
espaçadamente
Como se
não percebesse
o dia-a-dia
impreterivelmente
Como se o tempo não existisse
e eu me eximisse de
conscientemente
viver a morte
de cada instante
cotidianamente
Célio Pires