DOZE
Eu tinha doze anos
e tinha tantos sonhos
sonhava em tantos corpos
suava em tantos sonos
babava em tantos panos
leçois esvoaçantes
rodava entre nuances
de beijos lancinates
eu estava arfante
em meus doze verões
em minhas doze verções
eu gostava do vinho
das doze sensações
das doze donzelas
eu era de todas elas
e elas eram em mim
vassalas e suzeranas
rogavam em minha cama
jorravam em minhas coxas
e eram bocas roxas
e eram de caricias
que não tinham malicias
mas era vãs delicias
em meus doze caminhos
eu via só espinhos
achava que era sozinho
em minhas doze lamurias
mas agora eu sei
que minhas doze agruras
eram adolescentes
que premeditavam
uma aurora rubra
uma nova vida