ASSIM CAMINHA A MADRUGADA

Antes que a Última balada

assuma o silêncio

Antes que as pernas avuadas

discansem no acento

antes que mãos entrelaçadas

sem lancem ao leito

antes que a boca amendoada

sucumba ao beijo

há de surgir, nos olhos

o brilho estrangeiro

e proseguir, batuque

compasso ligeiro

pra ser feliz, em corpo alheio

pra se sentir, sentido em devaneio

Antes que a luz açucarada

de prata braseiro

deita madeichas desalinhadas

em um travesseiro

Antes que a noite atordoada

lambuse o traseiro

de um dia sem premissas

preguiça de ordeiro

há de tentar saciar

o insaciavel

tem de esperar

que traga o ardor descartavel

da vida ligeira

vida rameira

vida sem beira

de uma aventura fugaz

em noite rasteira

Antes que o relogio bata

doze badaladas

Antes que a fome encarnada

sacie a luxuria

antes que seja depois

depois será tarde demais

antes de tudo isso

do gozo do viço

da pele na pele

do corpo no corpo

de copos vazios

de ubres vadios

antes de amanhecer

desejo desvanescer

na mão do trabalho

no beijo hortelã

de um bom dia seco

olhar em horizonte

há de conter

de novo o incontido

pra retornar

a monotonia

de um dia no dia

de um homem qualquer

nesta cidade sem rosto

sem gosto

Antes que eu perca

a esperança esperada

antes que eu pereça

de novo na lua molhada

antes que não esqueça

das lembranças açucaradas

de um beijo gentil

licor arredio

de beijo vadio

na nova noite encantada

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 04/07/2009
Código do texto: T1681410
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