Tecido da vida
As flores silvestres abrem-se para meus olhos
E uma melodia vem do cheiro orvalhado da terra
Arrastando-me em devaneios
Contagiando minha boca de palavras de lembranças...
Dos sonhos tecidos por meus pais um vingou
Alongar meus ramos neste vasto chão
E minha mãe me contou que os sonhos crescem em qualquer idade
Alguns deles murcham à tarde
Mas ao raiar de um novo dia
Estendem-se pelos galhos da jornada
Muito mais a vida me deu
Namorei meus dias
Em verdes paragens
Floriram-se alguns deles
Dos que vingaram
Passo-os agora com meus filhos
Ricos e pobres foram meus passos
Alguns caminharam lentos e indagaram de minhas perdas
Outros fugiram a galope quando o sol os aqueceu
Vi meninos brincando de rodas
E homens lutando por terras infindáveis
Dei um assopro em meus olhos
Quando um cisco entrou na beira da estrada
Tantas vezes ceguei diante dos amores
Muito embora deles não guarde memórias doídas
Ainda serei avó de meu destino
Colhendo aqui e acolá um sorriso, um alento n’alma
Debruçada em minha janela assisto ao vento mudar de direção
Achega-se minha neta e grita que o sonho agora é meu e dela
Então ele pede carona e senta ao lado de nosso coração