Entre o desespero e a consolação

É muita sensação para um corpo só...

sinto os fios da minha vida sendo cortados,

sinto que a vida está chegando ao fim.

Tudo passando diante dos meus olhos molhados,

meu riso histérico se mistura à água.

Essa casa é tão cheia,

tantas pessoas em meu coração.

Medo...

inveja...

ciúme...

muita inveja,

medo de perder.

Futuro incerto, medo de uma nova vida.

Subo e desço,

no riso e no desespero.

Na tênue linha entre o desespero e a consolação...

sempre... sempre assim.

Imagens demais,

lembro tudo...

os sonhos da noite enfumaçada.

Meus desejos.

Mentira que não me fez dormir em paz,

dói ser excluída...

dói querer e não ser.

E quanto mais tenta ser,

mais ficam os mal-entendidos.

Uma imagem meiga...

eu quero te proteger.

Mas é um rosto de criança,

com um corte fundo na face,

cacos de vidro, espelho, e lama...

Sombras e fumaça por sobre a flor,

uma rosa seca,

um espinheiro raivoso,

uma prostituta, santa.

Uma chapa quente,

um pedaço de rapadura molhada de suor:

um véu manchado!

Um valor, uma cara, uma gente...

Também sabe se virar e

sabe desvirar e revirar.

Com a morte acorrentada ao calcanhar,

uma estrela guia na frente.

Abençoada e injustiçada,

pecadora, egoísta, sonhadora...

flor de lótus,

flor de laranjeira,

juá...

Medo dela, menina mulata!

Medo da menina mulata tão amada.

Dor e riso,

riso e raiva.

Meu irmão, me compreenda!

(Eu sei que você me entende.)

Me abraça!

O mundo desaba,

o céu é grande,

eu sou muito pequena!

Forte o café amargo da ansiedade,

o vômito, nobre ser.

A imagem me insatisfaz...

não quero ela... ela não é de verdade.

Já chega!

Cansei de representar tantos poucos papéis.

Também sou ruim...

Eu também não presto!