A FACE IMPRESSA NA FOLHA...

A face impressa na folha.

As pálpebras dormentes

a saliva, o pêlo, a ruga

infiltram o poema.

Palavras devoradas

na sórdida mesa com restos

de madrugada fria

unhas e fios de cabelo.

O lápis risca a raíz

a cal, o caminho mais

curto até o raio de sol

incrustado na gelosia.

O que é meu está guardado:

coração sujo, encouraçado

relógio tictaqueando insuspeito

no fundo de uma gaveta.

João Lima

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