Autópsia

No cubículo de um fim de mundo,

Ela termina de se pintar.

E ela canta toda noite,

Lá onde bêbados vão ao fundo do poço,

E vagabundas terminam seus dias.

Num instante seu olho percorre o salão,

Delineado por um risco a lápis,

Que antes, deveria ser uma sombrancelha.

Euriante sobe no palco.

O seu vestido vermelho denuncia,

Que alí não é lugar para anjos.

O piano opaco emite os primeiros acordes.

Do fundo do palco vem a voz,

Como que vinda do inferno:

"Agora canta, maldita"...

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 02/06/2006
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