Autópsia
No cubículo de um fim de mundo,
Ela termina de se pintar.
E ela canta toda noite,
Lá onde bêbados vão ao fundo do poço,
E vagabundas terminam seus dias.
Num instante seu olho percorre o salão,
Delineado por um risco a lápis,
Que antes, deveria ser uma sombrancelha.
Euriante sobe no palco.
O seu vestido vermelho denuncia,
Que alí não é lugar para anjos.
O piano opaco emite os primeiros acordes.
Do fundo do palco vem a voz,
Como que vinda do inferno:
"Agora canta, maldita"...