Abandono

Por que não dizer

que minha métrica

tem, na medida irrefreável,

a irregularidade dos meus versos,

dos meus sonhos,

da minha dor?

se apresenta tão variável

volúvel, volátil,

como os sentimentos

que entoam nas canções de amor?

recria o movimento

das nuvens, das ondas

da ideia incontida,

que explode na cabeça,

mas que nunca se sabe

onde pôr?

Por que não dizer

que minha métrica inexiste

diante dos olhos atentos,

mas tinge, nas palavras,

noites ensolaradas,

dias estrelados,

ritmo, rima, rubor?