DITANDO
“A”
A sociedade ensina-nos ser mercenários...
A vida por uma questão de convivência.
A morte, uma questão de vivência!
A vida faz-nos desaprender a morrer,
A vida ensina a morte...
A morte,
A não ser um ser sem ser...
A morte nos ensina não mais viver,
A pior aprendizagem!
Aqui estão os versos de um defunto vivo.
Aqui estão os versos de um vivo cadáver
Amargurado pelo dissabor de viver o que é morte,
Angústia de viver o já morrido,
Aflição de morrer no que já é morto!
“ E ”
Eu: a vida de minha morte!
Esqueço minha lembrança.
Esperança? Espere-me!
Estou tentando viver...
És o que é? Fui no que sou sem nada sermos...
Eis de ser!
“ i ”
Imersos em ignorâncias...
Inútil,
Idiota,
Imbecil,
Inepto,
Inerme... todos saberes intocáveis,
Imortais!
“ O ”
Onde vivo?
O que faço?
O que fazes?
Onde morres?
Onde renasces?
O que renasce?!
Ontem fui o que jamais se foi...?
O que?
Orvalhos coloridos em arco-íris preto e branco!
“ U ”
Úmido... frio e úmido:
Ultimo suspiro!
Ufanar a alma que não tenho,
Uivos de nossa morte ambulante,
Ungir de nossa vida,
Úlcera do meu ser.
Urubus ao meu redor:
Urubu sou eu...
Urgentemente: gente, somos carniças!
" VOGAIS "
A vida
Esqueceu
Imortalizar-me
Onde
Ultimato minha morte.
A morte
Espera
Incansavelmente
Observar
Uivos de minha vida.
A gente
Entristece
Idiotamente
Óbitos
Únicos...
Amor
E morte
Imensamente
Olham
Ultrajes trajados em almas e corpos!
Alma,
Espelho
Irrefletido
Obcecando
Utopicamente corpos vestidos de nus!
Agora
Esqueça-se
Imemoravelmente
O que é
Uma vida: uma morte!