Canção para Moças de fino trato
Este poema não é para ser lido.
Tanto que nem tem palavras.
É feito de ilusões.
Este poema é para ser comido.
Engolido com vigor.
Mastigado como que carne.
Carne semi-crua, sangrenta.
E depois de engolido,
Deve ser digerido.
Produzir indigestão.
Seus extratos devem correr no sangue.
Envenenando-o.
Entoxicando-o.
Chegar ao cérebro e
Produzir alucinações.
E quando cessar seu efeito,
produzir a síndrome da abstinência.
Aí si,
deve ser vomitado.
Vomitado sobre o mundo.
Porque palavras também alimentam.
Mas produzem mal-estar e náuseas.
E depois de destruído o estômago e a mente,
o corpo transformado,
deve ser o portador da boa-nova.