Fratura exposta

Às vezes, poesia enche o saco.

Às vezes, a livia a dor.

Às vezes ela aparece sem querer,

Às vezes, aparece só à força de pancadas.

Mas a vida é assim.

Há poesias em uma placa no jardim,

E nenhuma nos escritos destinados a esse fim.

Quem poderá dizer?

Quem poderá julgar?

Na minha modesta (e não muito humilde) opinião,

os poemas falam por sí só.

Quem quer traduzir sua importância,

Os reduz a um cadáver esquartejado.

Poesia é sentimento, é protesto,

E é apatia. Ou nada disso.

Se vale a pena escrever?

Não sei. Estou tentando descobrir.

Se vale a pena interpretar?

Não sei. Depende de quem interpreta.

Se vale a pena ler?

Depende.

Se ler, procure não racionalizar.

Se racionalizer, procure guardar.

Se não guardar para sí,

Procure não induzir.

E se for pra induzir,

Não é poesia que procura.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 01/06/2006
Código do texto: T167301