Space Ghost Contra Dr. Zorak, professor de Literatura
Space Ghost Contra Dr. Zorak, professor de Literatura
À memória de Alex Toth
Aos Departamentos Acadêmicos de Letras das Principais Universidades Brasileiras
“Wer das Tiefste gedacht, liebt das Lebendigste,
Hohe Jugend versteht, wer in die Welt geblickt,
Und es neigen die Weisen
Oft am End zu Schönem sich”(1) . Hölderlin.
Sou Space Ghost, o fantasma espacial,
Pois todo poeta é um fantasma marginal,
Expulso do mundo, alienígena, sobrenatural...
Enfrento pela escuridão do espaço,
O terrível Zorak, um louva-deus de muitos braços,
Professor de Literatura com nariz de palhaço!...
Sua gangue ainda se compõe de outros malfeitores,
Moltar, uma criatura de lava com feições de horrores,
Numa armadura de lata e que só fala com doutores!...
Brak, monstrengo rebelde sem causa e sem lei,
Que se influencia por sonhos maus da grei,
Espécie de famigerado a la Agnus Dei!...
Porém, com meus braceletes de raios,
Disparo contra esses tiranos de soslaio,
Raios de gelo, raios de calor, raios de ensaios!...
No meu cruzador fantasma cruzo as galáxias sidéreas,
Contando com Jan e Jace, jovens de idéias cinéreas,
Mas de amizades sinceras e etéreas!...
Ainda, um macaquinho voador desses de sótão,
Chamado Blip. Com esses meios que adotam
Os heróis, buscamos, invisíveis, o que aos maus derrotam!...
Zorak em suas vis conferências critica o cânone e o marginal,
Nada mais existe, nem mesmo literatura, só a razão social,
Seqüestra obras e autores, do presente e do passado em geral...
Moltar, com sua armadura e seu corpo de lava quente,
Derrete versos, destrói histórias, expulsa a toda a gente,
Só existe um poema perfeito, porém, inescrito e latente...
Brak, entre influências, alusões, paráfrase e citações,
Compõe o panorama final desses monstros glutões,
Que na União dos Sequiosos de Pavores, trancam em grotões
Úmidos e gélidos o saber diplomado de seus doutorados,
Assim numa Filosofia Fraudulenta de Letrados
Das Ciências Horrorizadas tornam-se os magistrados.
Nota:
1. “Mas adora ao que é mais vivo quem sondou mor profundeza, / E entende a suma juventude quem o olhar abriu no mundo, / Pois assiduamente, ao fim e ao cabo, / Os sábios só procuram a beleza” (“Sócrates e Alcibíades”, Hölderlin - tradução de Antônio Medina Rodrigues).