DIANTE DO ESPELHO

Já não me reconheço diante do espelho
Este implacável denunciador
Que insiste em me enquadrar
Nos falsos limites do calendário

Já não me reconheço diante do espelho
A minha cabeça não sintoniza o contar do tempo
O vigor das novas ligações neurônicas
Formulam a cada instante, mundos, sonhos, projetos

Já não me reconheço diante do espelho
Há um descompasso entre o tempo e o vento
A ventania da alma a cada dia mais vigorosa
Despe-se de todos os medos, tropeços, segredos.

Já não me reconheço diante do espelho
E desdenho implacavelmente dele
Querendo subjugar-me aos estreitos ditames da matéria.
Não, não. Já estou viajando na cauda de um tufão.

Agamenon Almeida
Enviado por Agamenon Almeida em 27/06/2009
Reeditado em 02/07/2009
Código do texto: T1670035
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