POLÍTICA
Ando revirando gavetas
Distribuindo pingos e pontos
Em “i”s e sentenças
Irrecorríveis.
Um acento agudo
– vez ou outra –
Dissonante desse meu ar
Geralmente circunflexo
Craseando destinatários
Do que de mim remeto.
Pagando contas
Lambendo selos
Pra Pátria Amada
Salve! Salve!
– Por favor alguém a salve! –
Que essa ave que aqui gorjeia,
Cansou de grasnar por lá...
Meu sotaque verde-e-amarelo
– Confesso –
Não está muito interessado
Na seleção canarinho
Enquanto o branco dos colarinhos
Ainda se lambuza de pizza
Desde o “dia do fico”
(fico com tudo, o povo com nada)
E a horda
(Com farda ou sem farda)
Continua dançando o fado
E re-passando o fardo
Na dança dos três poderes
Em seus afazeres
Nua de pudores
Cheia de favores
E contas secretas
Em ilhas virgens
– Não castas,
E nem tão discretas.