COMUM A DOIS
teu silêncio, no exatíssimo instante do meu silêncio:
mordemo-nos e respiramo-nos
[comumente]
os sinos lá da Sé bimbalham ferozmente,
ensurdecemos unidos,
mutuamente
[paz]
pés
não mais se roçam nem por frio
[nenhum mover de palhas, nenhum mover de dedos]
músculos em feixe,
espasmos,
unidos: gesto e movimento
[quebrado, enfim, todo o silêncio dos suspiros]
– Vou calar! – digo-te já.
– Cala já! – dizes-me imediatamente.
[quebrado, enfim, todo o silêncio dos silêncios]
e, tamanha perplexidade, cada vez mais e mais perplexidade,
pois amar é uma arte que só se fala no silencio,
é um calar a dois, mutuamente.