DESATINADA MEMÓRIA
Faz algum tempo incandesce
a alma dos aflitos
algum tempo
na memória das horas
algum tempo soletra
o inusitado
algum tempo solfeja o coração
e nos abafa.
Nestes suplícios
exorta-se a eternidade
e a alma voeja no cipó dos lampejos.
Tatuagens à flor
intemporais de pele e fogo.
Amadurecimento.
De tudo haverá apenas registros
à possessa revelia dos viventes.
O desatino de furtar-se ao instante
a construir perenidades.
Paz é tempo pra sonhar
e viver sem armaduras.
Entre o choro e o riso.
– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2004/2009.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1669193