O voo da borboleta

Chega um tempo
na vida
de cada um
que a mudança se faz
necessária,
um balanço
dos sentimentos,
das aspirações,
e os objetivos traçados,
alcançados ou não,
devem ser repensados.
Esse instante pode ser
até postergado,
mas é inevitável.
Não dá
para fazer de conta
todo o tempo
e não ter o discernimento
de quando as emoções
não estão bem.

E a vida
vai nos conduzindo
para esse ponto,
da avaliação
dos nossos atos,
sejam eles impensados
ou meticulosamente
executados.
Não importa.
Chega o tempo
da introspecção.

Essa clausura
momentânea
pode ser angustiante,
mas também será
de muito
crescimento pessoal.
Poder repensar
a trajetória
e o que se encontrou
pelo caminho,
quem prosseguiu
no mesmo passo
e quem ficou para trás....
Rever num olhar
distanciado,
mais impessoal,
aquilo que lá
no passado
nos fez tanto mal,
pode ser
um exercício reconfortante.
E nisso não há
nada de masoquismo.
É apenas o movimento
da borboleta
em sua fase de casulo
que,
para rompê-lo,
precisa
se contorcer,
sentir dor,
para só depois
deliciar-se
com suas asas
em voos
de liberdade e beleza.

Com a gente
não é diferente.
Quando nos vemos
numa encruzilhada,
na dúvida de qual
caminho seguir,
que tipo de amor
pode nos fazer bem,
é bom fazer uma pausa,
eclipsar-se um pouco,
recolher-se
ao nosso mundinho
estritamente particular,
lagartear
em nosso refúgio
e esperar
que novas asas cresçam.

Esse retiro
pode nos dar
a dimensão
de quem somos
e nos trazer o céu azul
de volta
para lindas
e inesquecíveis acrobacias.