EU, POEMA
Sou o que bebo,
o que como
e o que fumo
Sou aquilo que vinga,
o que morre
e o que geme
Sou o que o vento leva,
trás,
e tudo aquilo que se assenta
Sou o instante seguinte,
a estação que passou
e o trem que ainda nem chegou
Sou aquele que planta,
colhe,
e também a geada
Sou a dor que não é minha,
quem cega e afia a lâmina,
e o corte
Sou a vaga lembrança,
a amnésia profunda
e a mais viva recordação
Sou o beijo não dado,
o sono pós-gozo
e dos amores, o mais improvável
E eu sou o tudo,
o nada
e o que não pode ser
Enfim ...
resumidamente,
sou tão somente,
tudo aquilo que escrevo