Esse

Porque sempre há uma flor que fenece,

uma noite que anoitece,

um dia que amanhece,

uma amante que se entristece,

um filho que desaparece,

uma ladeira por onde se desce,

e uma dor que não desaparece;

existe a Morfina que enlouquece

(mas que a dor arrefece).

Porque há um corpo que só emagrece,

um carinho que ainda enternece,

e um amor que já não aquece;

o Homem, que de tudo esquece,

sonha que a vida lhe entorpece.

Por fim, há o erre seguido do esse.

E é assim que tudo acontece.