Espelho
Ainda bem que você vem me visitar os olhos,
como rosas vermelhas, como uma criança suja.
Ainda bem que essa chuva molha o meu corpo,
apagando os rastros de uma vida em preto e branco.
Como um palhaço sem graça,
sinto os dias correm por entre os dedos,
imagens do seu cabelo dançado ao vento, perseguem os meus pensamentos.
Todos os dias insistem em nascer, e você não vem me ver.
Ainda bem que eu te rascunhei no meu peito,
e as lágrimas salgadas em minha fronte,
adoçam a minha insalubridade.
Pinto um céu vermelho com as pe..to..las e sis.
Dá dó, nem vem de lá tão só.
E o vermelho vem mesmo dos meus lábios divididos.
Um busca o mar, o outro busca março.
E toda hora é fracionada.
Meu tempo racionado, e nós parados.
Mas ainda bem que o vento sopra nesse céu vermelho...
Levando as flores para longe, e trazendo inspiração de longe que vem só de lá sem dó.
Ecoando notas para as pessoas!
Preocupando-se apenas, com ESTERIÒTIPOS!
Ainda bem que uso óculos escuros.
Pois assim vejo além dos corpos.
Vejo a alma.
Há uma calma em meu ser, que não sei dizer o porque disso acontecer
se eu tento perceber que nada é tão RUIM assim SEM VOCÊ.
Mas ainda bem, que meus pés não estão no chão.
Pois assim o céu tingido não posso tocar.
E sem máscaras, ou fisionomias, transformo um Zé em Alguém.
Desabrocha uma personalidade, mistura de papel e lápis de cor.
Misture as tintas!
Mas ainda bem que você visita-me os olhos.
E sem se apresentar sei o teu nome.
Meio mágico, ou complexo.
Isso são laços antigos.
Que descobrir no meu reflexo,na janela dos teus olhos.
Ainda bem que você também usa óculos escuros!
Henrique Martins
24/06/09