A virtude e seu desperdício

De grande perícia munido,

Das que prometem grande fama,

Sai da cena assim já vencido

Pois labor nobre nunca o chama.

Fora, sem nenhum estampido.

Nem mais pela justiça clama.

Como se tivessem incumbido

Ao valente Vasco da Gama

Nada além do que ser marido

D’uma inexpressiva dama.

Sem glória alguma ou alarido,

Cortando da aventura a gana.

Como de um célebre Machado,

Cuja pena ainda comove

O menos à arte acostumado,

Tirar completamente a fome

De um conto ou verso bem narrado;

Matar a vontade que o move.

Oh, valor mal utilizado!

Virtude que enfraquece e morre!

Perde a chance de pôr ao lado

Dos gigantes seu próprio nome.

Foi dos obstáculos privado,

A vida pelas mãos lhe foge.