Campo cinza
Os verdejantes campos dizem tanto!
Língua de clamar sem criar espanto;
Pela vida que se esvai despercebida;
Que reduzida a uma confusão cinza;
Para os que percebem, provoca pranto.
O não piar dos pássaros canta saudade;
Belos vôos altos cinematográficos
Com plumas que outrora eram de verdade,
Com um canto de beleza em tanto,
De vida em galhos, com morosidade.
O pedaço do céu que ainda vejo
Entre as pedras onde passa o lampejo
De uma luz opaca sem desejo,
Gelada... Nem tem mais necessidade,
Outra luz morta clareia a cidade.
Comer o asfalto é quase de verdade
Pois é este todo o fruto que brota
Na mata vertical das novidades,
Dentro da vida sem vida... Sem rota,
A morte grunge feroz na cidade.