Campo cinza

Os verdejantes campos dizem tanto!

Língua de clamar sem criar espanto;

Pela vida que se esvai despercebida;

Que reduzida a uma confusão cinza;

Para os que percebem, provoca pranto.

O não piar dos pássaros canta saudade;

Belos vôos altos cinematográficos

Com plumas que outrora eram de verdade,

Com um canto de beleza em tanto,

De vida em galhos, com morosidade.

O pedaço do céu que ainda vejo

Entre as pedras onde passa o lampejo

De uma luz opaca sem desejo,

Gelada... Nem tem mais necessidade,

Outra luz morta clareia a cidade.

Comer o asfalto é quase de verdade

Pois é este todo o fruto que brota

Na mata vertical das novidades,

Dentro da vida sem vida... Sem rota,

A morte grunge feroz na cidade.

danms
Enviado por danms em 24/06/2009
Reeditado em 24/06/2009
Código do texto: T1665168