MARTHÍRIO
(Monólogo)
E aí
Às vezes ela me deixava em paz,
Fazia-me lembrar de coisas faceiras,
Dos seus lábios carnudos…
Outro dia vinha me cobrar seus centos.
Era assim a que chamarei de Martha,
Talvez meu martírio
E minha solução de olhos tão belos,
Que palpitavam os seios na minha mão
E me lavava as camisas
E me pedia o café na cama.
Era Martha
Dizendo em suas cartas
Coisas dos quatro elementos,
Coisas entre copos, gelo e vento.
Ou golpes da chuva.
Rezadeira, orava os delírios,
Cortava o ar com suspiro
Que acredito cortar a rima.
Grande Martha
Que alcunha daria só a Alexandre,
Que me dizia alçando suas coxas
À minha magra cintura
E teu cheiro me puxava para perto
De teu umbigo trêmulo.
E seus cabelos entrando em minha boca
Hora voz rouca,
Outras…
Apenas Martha
Lavando as colheres,
Falando às mulheres da rua da poeira
E eu mortho,
Falando de meu sonho
Pedindo que chorasse por mim.
Ah!!! Martha,
Não preciso terminar este passo
Tu chegas e vais tantos dias
Dizendo-me que sou diferente,
Quase igual…
Posso cantar em prosa,
Rimar todos os parágrafos
Enquanto tu carimbas o passe em minha vida…
E se olhas a janela quando chego,
E puxa meu cobertor,
E geme sugando meu prazer,
Pode entrar ou sair
Que espero te encontrar
À porta de qualquer prédio cinza.