FIGURAS DE LINGUAGEM
Re-experimento a saudade
A distância
A falta mesmo
(em carne-viva e verbo rasgado)
- Sem eufemismo -
- Sem disfemismo -
Objetiva
Rasa
E concreta,
Na exata razão da ausência do palpável
(E audível).
E o prazer
- Ilógico e impróprio -
Dessa pitada apimentada de contrariedade
Da ferida cultivada
(que não mata, mas não alivia)
Aberta - como tem que ser -
(senão é cicatriz, não é ferida).
Esse dente do siso
Que não nasce nem desiste
Essa variável constante
O “band-aid” da Elis
(Torturante, mas imprescindível)
Entre um whisky e outro
A seco
- Sem guaraná ou anestesia -
Esse calcanhar de Aquiles
Essa bile
Esse intervalo
Meio inter-calo...
Meio intercurso...
Bom pra relembrar
Que meu amor-Branca-de-Neve
Pode até dormir
Em berço esplêndido,
Deitado,
No decúbito das palavras indevidas
À mesa do meu blefe
(par de damas cobrindo as trincas)
Sob lábaros estrelados
- ou não...
Ou redomas de vidro, que fossem...
Mas não eternamente.