Vida sem tempo
Cala a voz e a boca que antes gritou
ensaia uma palavra, única talvez,
capaz de recriar o caminho
hoje sofrido, escondido,
que o homem violou.
A coragem que trazia logo se esgotou
entre alguma lua e algum outro sol,
pássaro solto, perdido, sem ninho,
procurava por um pouso tranquilo
quando a tempestade se formou.
Linhas mal traçadas pelas folhas do destino,
não falam de mim nem tampouco do amor,
e no silencio das horas, apenas a noite
e outra vez deito-me sobre a sombra
de um desenho que ainda assino.