Olhos de Outono
A porta entreaberta
presencia as estações da vida.
Vasculhar gavetas, objetos, miudezas,
deixar de fora asperezas,
dependurar crepes, algodão
festas, em sedas.
Nas promessas da primavera.
Alinho,
transpasso e refaço
com um fio
o sentimento que me dera.
Teclar essa “ pausa ”
estampar em frente e verso.
Oportunos são os nossos outonos,
que aceleram o cotidiano,
contraem o cardíaco.
Ares de urbano.
E me recolho na concha
um molusco,
em vísceras
desprovida de ossos.
Ao lado das estrelas imaginárias,
sobre prateleiras dispersas,
respiram os livros em desuso.
Tudo incluso.
A criança que adormece
não é a mesma que acorda.
Traz consigo a estação do “novo”.
Mesmo que as folhas estejam secas,
mortas,
vão renovar ...
e surgir da terra
brotos.
Como as vidas cansadas,
em estradas refeitas,
pisadas no chão.
Em movimentos acelerados,
mas constantes.
Permitir que os outonos,
convertam-se em almas de cedro,
resistentes, leves,
como ápice.
Belo, incerto...
Pseudônimo: Ágape
Participou do Festival de Poesia Falada de Varginha, 3ª Edição - 20/06/09.