Ruas vazias

Noites frias ruas vazias, apenas o vento passando entre as cortinas, sob a passarela do mundo das ilusões, cala-se diante do sofrimento.

Pétalas acetinadas espalhadas, embriagando o ar, mergulhando em almas cansadas.

Quando tudo se tornar vazio, a luz no fim do túnel há de inflamar, queimando resquícios de saudade.

Nas páginas amareladas da vida, que floresça o amor, feito flores silvestres que germinam sem ser jogadas ao solo, apenas brotam na simples missão de embelezar o mundo.

Ainda que o mar esteja revolto e as ondas enfurecidas choram suas mágoas lançando-se bruscamente nas pedras, o amor que move o mundo há de desaguar no mar de calmaria.

Na sinfonia do vento, carrego o sofrimento, arranco de dentro do peito, as cicatrizes que teimam em sangrar, vestígios de almas gêmeas a vagar pelo universo oposto.

Mergulhando no ser, desnuda todos os anseios sem medo, planar nas asas da emoção, do grito contido, grafar em páginas amareladas pelo tempo, cada momento avivando sonhos esquecidos.

Melodia cálida de primavera, em pleno outono frio, derradeiro no rodopiar da vida, extraindo doces murmúrios dos lábios, no aconchego dos braços.

escrito

30.05.2006

por Águida Hettwer