Bastidores

Não. Não vou sentar à tua sombra para ouvir soluços

Quem muito chora nem sente a própria lágrima

Não percebe a mudez de um olhar obscuro

Nem desfaz o choro por não saber a hora

Há algo estranho no exagero em querer

Sonhos invadem, vivem, às vezes, mudam

Trocam de órbita, de ritmo, de postura

às vezes morrem ao nascer da aurora.

Não. A noite é escura e a Lua, cúmplice

Em cada estrela há um piscar dolente

Se me ativer a este rogo inútil

nem viro orvalho e nem madrugo

Então me escuta. Guarda este lamento

para a derradeira hora. A verdade galopeia

e muito. Reserva tuas águas para a imensa vaia.

Já que a platéia em surdina, goza.