Muitas

Na vida
já vivi
alguns personagens,
de Madre Teresa
tive um pouco
e creio
que alguns resquícios
ficaram.
De mulher fatal
também me vesti
e fui assim
por um período curto,
mas significativo
para mim.
Depois
procurei outros papéis,
me tornei
uma Penélope
e pelo Ulisses
esperei
toda uma existência.
Teci ,
reteci
e me entristeci
na longa espera.
E Ulisses de Ítaca
não voltava,
aos poucos
foi virando uma quimera.
O que fazia
durante o dia,
desmanchava
à noite,
ludibriava
os pretendentes,
desejando apenas
o meu amor
de volta.
Depois
de tanto tempo,
tanto choro
e solidão,
Não quis ser
Penélope mais não.
Desnudei-me
de sua veste
e me preparei
para ser
uma Bela Mulher,
leve e solta,
sem grilhões
emocionais,
que tornavam
os meus dias
tão iguais.

E os anos
foram passando...
De repente
me vejo de novo
nas teias da paixão.
Viro fêmea,
uma leoa
nos braços
de quem ocupa
o meu coração.
E quando imagino
que sou apenas eu,
sem nenhuma
representação,
me deparo
em mais uma cilada:
Não é possível
ser apenas uma
quando o amor
bate à porta,
pois a gente
vira mil,
assume todas
as mulheres
que temos
dentro de nós
pra viver
as fantasias
que só a paixão
permite.