Uma casa na Avenida Coração
Aço, ferro
e cimento.
Abraço, inquieto
e ciumento.
Começo a edificar
a minha casa.
Entro a delirar
quando você me abraça.
Preparo a massa,
devagarzinho.
A sua fala
me transmite carinho.
Levanto um muro
bem sólido.
Ficando mudo,
quando estou perto e lhe olho.
Já está pronto o concreto
para a primeira parede.
Comunico-me em gesto,
como um cacoete.
Coloco o tijolo
para encaixar.
Pareço-lhe um bobo
que só veio te admirar.
Aparece a sala,
que fórro com tapete de veludo.
Você vai embora,
pensando que sou maluco.
Depois, construo a copa
querendo lhe receber.
Então, você volta
tentando me entender.
Tranquei-me no banheiro
sozinho.
Estava banzeiro,
porque me vias como amigo.
Fui para a cozinha
em busca de alimento.
Mas só pude cevar por minha amiga
esse poderoso sentimento.
Devo terminar
o meu quarto.
Para continuar a sonhar
em tê-la ao meu lado.
Portanto, deixarei a porta aberta
do casebre na Avenida Coração.
Porque és a garota que desperta,
em mim, infinita emoção.