Uma casa na Avenida Coração

Aço, ferro

e cimento.

Abraço, inquieto

e ciumento.

Começo a edificar

a minha casa.

Entro a delirar

quando você me abraça.

Preparo a massa,

devagarzinho.

A sua fala

me transmite carinho.

Levanto um muro

bem sólido.

Ficando mudo,

quando estou perto e lhe olho.

Já está pronto o concreto

para a primeira parede.

Comunico-me em gesto,

como um cacoete.

Coloco o tijolo

para encaixar.

Pareço-lhe um bobo

que só veio te admirar.

Aparece a sala,

que fórro com tapete de veludo.

Você vai embora,

pensando que sou maluco.

Depois, construo a copa

querendo lhe receber.

Então, você volta

tentando me entender.

Tranquei-me no banheiro

sozinho.

Estava banzeiro,

porque me vias como amigo.

Fui para a cozinha

em busca de alimento.

Mas só pude cevar por minha amiga

esse poderoso sentimento.

Devo terminar

o meu quarto.

Para continuar a sonhar

em tê-la ao meu lado.

Portanto, deixarei a porta aberta

do casebre na Avenida Coração.

Porque és a garota que desperta,

em mim, infinita emoção.

Rômulo Souza
Enviado por Rômulo Souza em 21/06/2009
Código do texto: T1659286
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