Nada fácil!
Tenho de reconhecer que não é fácil...
Manter sempre acesa a chama
Cruzando as veredas da vida,
Em caminhada às vezes sofrida,
De mãos dadas com quem se ama...
Porque o amor é sempre posto à prova,
Pelos tropeços na trilha, na desilusão,
Pelo decréscimo de brilho, na paixão,
Pela rotina, cotidiano que não inova...
Depois...tem o ronco do companheiro,
Que não a deixa dormir, descansar!
Além do que ele baba no travesseiro,
Que de manhã ela tem de trocar...
E se na cama o coração dela eclode
Erupção do desejo que nele contém,
Ele ensonado e flácido se sacode,
Grunhindo: “Não vem, que não tem”!
Mas se na cama o coração dele eclode
Numa erupção da urgência que contém,
Logo ela se ajeita, o recebe e o acode
Aliando-se ao prazer, como convém!
De machão à moda antiga as atitudes,
Amargando e arrastando ela perdoa,
Procurando ressaltar outras virtudes,
Vai levando o dia-a-dia numa boa...
Faço estes versos vestindo a pele dela,
Num ensaio, integrando-me à sua luta...
E concluo que se realmente eu fosse ela,
Por certo assassinaria o filho da puta!
Dos defeitos dela não vou falar,
Não são tantos que não possa aturar,
Sinto-me grato por ser amado...
Com ela toda a minha vida passei,
Nela irremediàvelmente me vidrei,
Em seus braços fenecerei... apaixonado.