* Asas de Atlântida *
Sentia o toque da liberdade no rosto em ventos marítimos, que acariciavam-me a alma. Bem pra lá do espelho oceânico, jazia a lua, num esplendoroso manto branco e iluminado. Em pés descalços escavava a areia e enterrava minhas tristezas, e emanava meus sonhos devotados a Iemanjá. As ondas rugiam ferozes, como se quisessem devorar meus pensamentos. E projetava meus anseios no imenso universo oceânico, como se os sonhos que me dominavam preexistissem num estranho anacronismo, em processos lentos de morte e renascimento, pressentindo o seu doloroso fim. Tristes as asas do destino, que carregam sonhos, bem pra lá do meu último horizonte.