o poeta
o poeta usa e abusa
do mar
do olhar
da lua
da mulher
e da sua alma confusa
da pele nua
sob a transparencia discreta
da blusa
o poeta e' um usurpador
invade emocoes
rouba segredos
misterios
sensacoes
as mais profundas
inunda de versos
e cancoes
os cantos mais vazios do peito
o poeta e' um insatisfeito
um quase insensato
um intruso
tem tantas razoes
pra viver recluso
mas quase nunca suporta
e por vezes
perdido entre bracos
e bocas febris
escancara as portas
e aceita sereno
toda a dor e a saudade
que ja' tinham sido mortas
bebendo gota a gota
como se fosse veneno
e ainda consegue ser feliz