INSANINIDADE

Ri loucamente entre soluços

E grita de si para si,

Machuca com as mãos

O próprio rosto,

Alterando os traços

De sua primitiva beleza.

Doidamente bate a cabeça

E se nega ao socorro,

Lambe o prato das crianças

E joga terra na comida.

Ela não foi sempre assim

Rindo ou chorando,

Distinguia a desgraça

E conhecia a troça.

As mãos se davam a tarefas

Que despertavam o carinho,

No rosto claro bons tratos

Das mãos que falavam bem.

Na sua antiguidade

De gente comum,

Brincava a beleza

Nas suas expressões

E a harmonia dos cabelos

Dançava nos ombros.

A mulher louca

Não foi sempre assim

Diz hoje o que não houve

E ouve não entendendo.

Apenas o espelho acolhe

A verdade escancarada

De sua boca disforme.