...
Digo tanto faz
Pra tanta situação
Mas também digo faça!
Digo sempre mais
Que faças por mim
Meu trecho Meu texto
Meu tanto faz teriam tantos sentidos
Por isso Faça mais
Do que eu consigo Agora
Digo tanta coisa
Pra nada me prender
Mas digo quase sempre
Construa comigo outros sentidos
Diga as palavras que eu evito
Mesmo sem querer
Seu saber tem outro sentido
Até sem palavras
Você consegue me envolver
Quando viso meu próprio artifício
É pra dizer apenas mito
Assim inventar tanta mentira
Esculpir tantas faces felizes
Mas se encontro a mínima certeza
É tudo um mito
Um misto de prazer e agonia
Um silêncio amargo
Um vazio que perturba nós dois
Porque somos duas coisas à procura de sentido
Mais que aquilo
Menos que isto
Digo rochedo
Você pecipício
Somos duas coisas que se completam
Que se percebem
Que se vigiam
Mas que não se encontram nunca
No seu texto ou na minha palavra
Linguas cansam de tanto tagarelar
Mas não se calam pra sempre
Sentem-se
Pra que tudo seja mito
Certeza sempre buscada
Pra que o infinito exista sempre lá
Enquanto tudo por aqui ainda é ínfimo
Ínfimo de dor
Ínfimo de prazer
Ínfimo até morrer
Ínfimo ao crer
Ínfimo ao saber
Ínfimo ao se descobrir diferente do que aprendeu ser
Que tantos textos não se aplicam às minhas palavras
A não ser como a outra face do mito.