PARA QUE NINGUÉM ME AME

Além de amor

sinto ódio,tenho medo.

As vezes magoo quem a mim nada fez

as vezes torno-me superior

e vejo os outros com frieza

ou qualquer sentimento humano despresível

- corrompo e sou corrompido.

Das inúmeras virtudes que tomo de posse,

poucas me pertencem,

me são naturais

não morrem, passam de minutos

segundos...

- culpo o mundo nestes instantes.

E a força vibrante

que todos admiram

não passa de fragilidade,

falsa inocência...

Não sou, enquanto vivo,

alguém confiável:

desconfio.

Nos melhores momentos

passo a vida na tv.

vivo a vida que nunca me será

mas que os olhos estão fixos

minuciosamente a procura

de algo que me seja útil

qualquer mísera cena

que me surpreenda

que possa copiar:

um ato novo,

uma nova covardia...

Não sei amar

não sei cantar

não sei aprender

ensinar, pintar, encenar

Não sei escrever

ler, absorver

Não toco

não componho

não sou inteligente

não tenho cheiro de bebê

nem sou príncipe.

Sou tão comum quanto coca-cola

sou confuso a meus próprios olhos,

duvido, duvido e duvido.

Um desejo:

Que em meu túmulo

haja mil rosas

vermelhas como sangue

de belas pétalas cheirosas

"VIVEU E DESCOBRIU-SE"

e sete flores

(amarelas e medrosas).