CRONOLOGIA

Eu envelheço

Meus poemas, não.

Recrio-os a bel prazer:

Os mais antigos

Parecem-me frescos

Como tinta renovada,

Em nova tonalidade.

Eu envelheço,

Não meus poemas

Que se me mostram tenros

Como flores recém colhidas

E os recentes trazem

Sempre um pouco

Do que fui.

Enquanto as marcas

Se me mostram no rosto,

Leio um poema

Feito há tanto tempo

E vejo que reflete

O que tenho sido desde então.

Por isso meus poemas

Não caducam ou rebelam

Porque me acompanham

Me escolhem

Me preferem

Nunca me substituem.

Os meus poemas

Novos ou antigos

São meus frutos

E meu desfrute.