CAMINHOS
CAMINHOS
Somente quem, longe do chão,
(Que é seu de direito...)
E que por qualquer razão
Ou sem razão,
Tornou-se um apátrida,
Um filho da partida,
Saberá sentir na carne a ferida,
E na alma a dor da saudade.
E se por ventura
(ou desventura)
Retornar algum dia,
Só ele, somente ele
Saberá sentir-lhe no silêncio
Que se alevanta desse chão,
Os espinhos lancinantes
A rasgarem-lhe o coração.
Lembro bem,
Que naquela, na outra esquina,
Além
Onde o tempo rodopiou,
Havia um canto
E um pranto
Que se perderam
E ninguém notou.
A paisagem, a natureza,
Que era toda beleza
Transmudou-se;
Não foi o tempo ou vento,
Mas alguma outra coisa,
Com certeza;
Terá sido a má sorte?!
Foi tudo isso mais a morte...
Velhos tempos,
Amores primeiros,
Flores belas, despetaladas,
Saudades enfunadas
A tremularem no varal do tempo
Fustigando o pensamento,
Um aceno, muitos ais,
Um nunca, nunca mais.
24-2-2009