DESAVERGONHADA
Tua pergunta ainda martela minha mente
" E quando a vergonha veste o sentido?"
Quisera ter a resposta fulminante
E saber de poesia, como sei andar.
Se penso na vergonha sobre o sentido
nada mais existe, nem parece escrito.
O que não é dito, ainda seria visível
Em qualquer entrelinha do ser aflito?
Como deixar a vergonha matar o sentido
Com o peso da censura que constrange?
Se a beleza, mesmo impura, é casta
e quando casta, ainda mais indecente.
A palavra transgride o sentido aparente
em sua liberdade, resiste a mais um dia.
Nesta poesia a resposta está ausente
a noite foi embora e a vergonha é vazia.
(*) Imagem: Google
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